Uma vila, como outra qualquer, a Moita. Uma vila, com história. Desde 1691, com seis freguesias e uma Meia Maratona, na sua 17ª edição, em 2014.
Uma vila, com bares, restaurantes e ruas. Uma vila onde já fui feliz algumas vezes (medianamente numa delas mas bastante no geral) e, feliz de novo, na 17ª Meia Maratona da Moita.
Não sei quantas Meias Maratonas já fiz, foram mais de duas e menos de cinquenta. Nesta, não fiz o meu melhor tempo de sempre na distância, não passei pela minha maior tempestade de sempre na distância mas, talvez, tenha sido a minha maior “luta” na distância.
A “luta” começou cedo, umas três semanas antes, quando fui desafiado por um grupo de amigas a acompanhá-las, em dois treinos longos e “secretos”, com vista à preparação para esta prova. Algumas delas nunca tinham feito uma Meia Maratona, o receio do que poderia acontecer era muito e como tal, pediram segredo. Tal como o mantiveram, fiz igual.
Chegado o dia, chovia “desde ontem”. Quando sai de casa sozinho (pois as outras duas Ronhonhós ficaram em casa protegidas do temporal), mudei ligeiramente os planos e em vez de ir de carro directo para a Moita, fui ter com as amigas ao Parque das Nações e fomos juntos em direcção à zona da partida. Rapidamente levantámos os dorsais, debaixo de chuva torrencial, e encontrámo-nos com outros amigos, alguns incrédulos com a presença de algumas das senhoritas do grupo ali, para a Meia Maratona.
Na partida, “toda a gente” desapareceu e ficámos oito juntos, ali. Eu, o Jaime, o Tiago, o Filipe, a Elsa, a Alexandra, a Daniela e a Joana. Depois, o Filipe arrancou, e fomos os sete restantes gerindo o percurso e a prova, em grupo.
No desenroloar do mesmo, um misto de zona rural e habitacional, o público escasso alternava com a chuva violenta que teimava em cair, e com um vento que sempre que soprava, o fazia de frente para nós. Por lá, fomos lutando com os declives que nos apareciam, motivando-nos mutuamente, isto junto com alguns momentos de introspecção onde iamos calados, todos calados. Pelo meio houveram algumas lágrimas, alguns gritos, algumas gargalhadas, alguns palavrões, momentos tensos e muitos momentos descontraídos, daqueles que só por quem lá passa, sabe como são.
Nos abastecimentos, presentes nos sítios e quantidades previstas, os elementos da organização davam o ânimo que conseguiam, e algum público que se juntava perto gritava “valentes, está quase”. Na chegada, lá perto, eu e os rapazes arrancámos para a frente e deixámos as senhoritas as quatro lá atrás, para chegarem juntas com a sua roupa personalizada a condizer.
Nessa zona final, fomos acompanhados pelo Marco e o Filipe a correr. A Alexandra tinha à sua espera cerca de cinquenta metros antes da meta a Dinky, a sua pachorrenta cadela labrador, que a acompanhou nesse pedaço da prova. A Dinky foi a grande causa para a Alexandra de dispôr a participar numa prova desta envergadura, isto porque na corrida é tudo muito relativo, e o que é “só” Meia Maratona para um, pode ser a “corrida de uma vida” para outro.
Meta da Moita atravessada, depois do último participante chegar e de tirar uma fotografia com a “claque”, alguns do grupo foram embora, não ficando assim para a celebração da vitória em conjunto mas, lá está, na corrida é tudo muito relativo e cada um tem a sua maneira especial de celebrar. Os que ficaram, foram mudar de roupa e avançaram para um almoço ligeiro na Vila, porque a vida não é só corrida ;)
P.S. – Obrigado pela cedência da foto do artigo, Tiago.
Porque a vida não é só corrida Blogue do João Campos


Eu sou bastante maluco e treino nas piores condições, mas fazer uma meia com o temporal de domingo há-de ser qualquer coisa de tramado!