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Kayak Trail 2014

Podia ser escrito na montanha, mas foi escrito no rio, não interessa. Tudo é poesia.

Enquadramento da prova

Em Constância, 20 de Julho, muito simples. A segunda edição da prova de Kayak, e Trail. Sete quilómetros de um, quinze quilómetros do outro, feita em equipa de dois. Ambos partiam ao mesmo tempo, ambos tinham de chegar ao mesmo tempo. Pelo meio, o que fizessem era por conta deles, desde que fizessem o percurso completo pelos meios indicados. Logicamente, que o “nexo” está em fazer a prova em equipa, e então…

O anúncio

Depois de o meu “desafiado” inicial se ter negado a fazer equipa comigo, por esta prova ser no dia a seguir ao Trail do Monte da Lua, em Sintra, fiz algo que nunca tinha feito, coloquei um anúncio, no Facebook, à procura de membro para fazer equipa comigo numa prova.

Já uma vez tinha participado numa prova de corrida aventura (BTT+Trail) com o Capitão Natesh, e dois dias antes tinha estado no ANTTs II a treinar em equipa com o Vasco. Antes disso, já tinha feito algumas corridas em conjunto com outras pessoas também mas, como “equipa formal” foi a segunda vez. Fazer provas em equipa, ou em conjunto que seja, tem muito que se lhe diga, a força da equipa torna-se a força do mais fraco e o mais forte, tem de ser mesmo forte, porque tem de puxar por dois.

Quem me respondeu ao anúncio em primeiro lugar então? Nem mais nem menos que o Poeta da Montanha, pré-Ironman (na altura, agora já o é) Luís Trindade. Depois de lhe explicar as particularidades da prova, e perguntar (várias vezes) se estava ciente do meu nível e desempenho desportivo, não houveram dúvidas nem hesitações, e avançámos com a equipa.

O pré-prova

Treinei, afincadamente, como tenho vindo a fazer. Em parte pelo meu parceiro de equipa (não queria que ele adormecesse na prova), em parte por mim, cansado de chegar em último, ou nos últimos 10% nas provas em que participo, a minha determinação e objectivo de chegar nos últimos 50% nas provas em que participo têm-me levado a outro tipo de treino e a outro tipo de regime alimentar também. Tenho treinado mais forte, mais longo e, claro, tenho “comido melhor”. Embora longe do objectivo final, os resultados esses, já estão à vista.

No dia da prova, após combinação anterior, o Luís juntou-se aos Ronhonhós Running Team às 06h00 pontuais, e arrancámos juntos para Constância, praia fluvial, para levantamento dos dorsais e convívio salutar entre atletas antes da prova, amigável. Muitas caras conhecidas estavam naquela prova, umas mais conhecidas, outras menos mas, todas do mesmo “campeonato”, digamos assim, como hei-de dizer?

Este Kayak Trail não é uma prova mainstream, e talvez não tencione ser. Tal como na corrida de estrada há as provas dos milhares de participantes, e as provas das centenas de participantes, nos trilhos tenho vindo a constantar que há as provas das centenas de participantes e as provas das dezenas, de participantes, e esta era, sem dúvida alguma, das segundas. Atenção que, lá por ser uma prova das dezenas de participantes não invalida de forma alguma a qualidade nem o factor diversão, muitas vezes pelo contrário, são organizações pequenas e atentas, clubes na maioria, que vivem do trabalho dos seus voluntários, e onde todos são mobilizados e têm prazer em participar, do avô, ao neto.

A prova

Depois do briefing inicial, acerca do segmento de kayak e do segmento de corrida é dada a partida. Quatrocentos metros de corrida até aos kayaks, numerados conforme a equipa e arranque para a água. Partimos bem, e fomos sempre rápidos e controlados no percurso. Nem por uma vez perdemos o rumo, nem tivemos dúvidas na direcção a seguir. As pagaias não embateram uma na outra, fomos concentrados e compenetrados. Chegados à margem, zona de transição. Mudar o calçado, colocar o cinto de hidratação e arrancar, monte acima, para os quinze quilómetros de corrida.

O percurso, sinuoso mas suave. Com um abastecimeno no quilómetro nove, havendo água, sumo, melancia, bolachas e amendoins (onde demorámos a enormidade de três minutos), o percurso decorreu, para nós, sem incidentes e sempre prego a fundo. Passando por dois trilhos aquáticos, com água acima do joelho e pedras no fundo, só haviam duas subidas íngremes mas curtas, de resto era sobe e desce constante, bastante rolante. O Luís, um óptimo companheiro de equipa, como esperava. Paciente e incisivo, tanto puxava por mim como fazia de relações públicas com as outras equipas na prova, promovendo sempre um despique saudável e algumas risadas. Eu, sempre que não estava a arfar que nem um cão tentava também dizer qualquer coisa e rir-me. Falei pouco e ri-me menos ainda mas…

Cheguei ao fim, aliás chegámos ao fim, a prova era em equipa, e chegámos juntos e bem. A aventura durou um bocado menos de três horas, e ficámos na 24ª posição da tabela, fazendo nos últimos quinze minutos seis ultrapassagens talvez. Sendo que terminaram 66 equipas das 80 equipas inscritas, ficámos bem acima dos 50% do fundo, espetacular. Tendo em conta que na Sexta-feira anterior tinha feito vinte quilómetros em Monsanto e Sábado à tarde vinte e três quilómetros na estrada, estava óptimo, nem uma dôr, nem uma lesão. Talvez pudesse ter puxado um bocadinho mais por mim ali numa parte ou outra mas, é como no futebol, falar dos golos que podiam ter sido depois do jogo acabar, é muito fácil.

Depois da prova

Esperamos que chegasse mais gente, pelo menos aquela meia dúzia ultrapassada. Juntámo-nos ao Pedro, ao Jorge, ao Daniel e ao Pedro (eram dois Pedros) e fomos indo, devagar, tomar banho antes do almoço. Fomos ao balnerário do quartel dos bombeiros, parando antes no café “o aviso”, que está retratado na galeria anexa a esta história. Lá, a água não estava gelada, somente morna e, depois do banho…

Bem, depois do banho, eu nem sou nada dessas coisas mas, levava um “cremezinho de mentol para colocar nas pernas cansadas”, daqueles que dão uma sensação de leveza. A questão é que, a bisnaga do creme era igualzinha à bisnaga do gel de banho, até a côr é igual e então, já todo vestido, ponho o creme de mentol nas mãos, ponho nas pernas, começo a esfregar e bem… Imagina-se o resto. Os outros companheiros já me esperavam e como tal, não fui para o chuveiro de novo. Optei então por me limpar com a toalha e ficar a cheirar a gel de banho “vivo” até chegar a casa mais tarde, e por não pôr o tal “cremezinho de mentol”…

Chegado de novo à praia fluvial, o almoço. Duas sandes de porco no espeto por pessoa, caldo verde e sumo. Outro participante ainda me ofereceu mais uma sandes que aceitei prontamente, e bebi alguns copos de sumo. Pela primeira vez na vida, estava a almoçar, já de banho tomado, e participantes ainda a chegarem, nem estava em mim. Vi as entregas de prémios, de todos os escalões, e depois fomos atacar as sobremesas, que eram partilhadas e levadas pelos participantes.

Depois disso, e despedidas feitas, fomos de novo ao “o aviso” beber um café e arrancámos para casa, ainda cedo, porque a vida não é só corrida ;)

Obrigado à Eugenia Vale e ao Gustavo Faria por duas das fotografias na galeria.

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