Não serviu para queimar calorias, nem para arranjar espaço para mais comida. Esta corrida sozinho na manhã do dia de Natal serviu, principalmente, para reflectir.
Decidi-me ontem a ir hoje. Desafiei um amigo que não pode comparecer mas cumpri o plano (quase) à risca. Comecei com uma hora de atraso, deixando a família a dormir em casa.
A essa hora, já outros terminavam os seus treinos. Parti, para o percurso do “Massacre em Monsanto” que já está decorado, e fi-lo o mais rápido que consegui, batendo o meu tempo anterior. Parei para tirar algumas fotos, parei para admirar a natureza na pequena Serra que temos em Lisboa. A manhã estava quente e soalheira, rapidamente estava a transpirar e somente de tshirt. Encontrei mais amigos na Serra. Uns corriam como eu, sozinhos, outros em grupo. Alguns, passeavam, temos um clima fantástico, aqui.
Pensei, em muita coisa. A mim, a época Natalícia (não sendo eu uma pessoa espiritual nem religiosa) põe-me sempre a pensar. Nos valores humanos, no “Espírito”, e no que é esse espírito, e no quanto devemos tentar pô-lo em prática diariamente, e no quão difícil isso é.
Pensei na família, no trabalho, nos amigos de fora da corrida e nos amigos da corrida. Pensei nos Dirtbag Runners e no desafio que representa ser, a partir de agora, seu embaixador em Portugal. Pensei nos amigos que estavam a correr em Belém a essa hora, e no que me fazia estar ali sozinho, em vez de com eles. Pensei nos amigos da corrida com quem tenho privado mais de perto nos últimos meses, e naquilo que gosto neles, especialmente naqueles com quem mais me identifico, pensei nos desafios que se aproximam para o ano de 2015, 2016 e inclusivé, 2017. Pensei em muita coisa, foram duas horas e cinco a pensar.
No final, chegado ao carro, óculos escuros e arranque para casa. A família já estava acordada à minha espera e a Sara ainda tinha uma prenda para receber, porque a vida não é só corrida ;)