Realizou-se no dia 8 de Junho de 2014 o Triatlo de Oeiras, prova onde participei em 2013, pela primeira vez numa prova do estilo. Já este ano a participação foi mais atribulada, ficando pelo “quase participei”, no final. Inscrito desde o “início dos tempos” na versão super-sprint, de forma a repetir o feito do ano anterior, com o passar dos dias o “treino psicológico activo” fez-me mudar a inscrição para a versão maior, a sprint. Consistia em 700 metros a nadar, 20km a pedalar e 5km a correr. 20km a pedalar e 5km a correr, coisa simples, já 700 metros a nadar…
Os treinos, esses, continuaram a bom ritmo. Fiz inúmeros treinos de corrida, um treino de natação em águas abertas e zero treinos de bicicleta, nem sei se ainda me lembro como se anda na dita cuja, e não lhe mexo, desde a última vez que lhe peguei, confesso. De qualquer forma não é isso que me assusta num triatlo. Embora tendo de me fiar na minha velhota Specialized Hardrock de 2004 com pneus 26×2.00 cardados mas carecas contra as bicicletas de estrada, isso não me preocupa muito, o que preocupa é a natação.
Na realidade, não sei nadar e já me disseram, várias vezes, em tom de exclamação “Mas, não sabes nadar? Como não sabes nadar? Já fizeste um triatlo e tudo?!”. Efectivamente fiz mas, efectivamente não sei nadar, sei locomover-me na água, e de uma coisa à outra vai uma grande diferença.
Os dias foram passando, fui fazer o meu único treino de natação em águas abertas. Quando cheguei ao fim, vi logo que a coisa não ia correr bem no dia da prova. Na segunda-feira seguinte mudei a minha inscrição, de novo, para a versão super-sprint, e fiquei no “talvez”. Os dias foram passando e a moral fraquejando. Embora achando que estava pronto para a versão super-sprint, não estava focado suficiente no objectivo, embora sendo simples a aconselhado a iniciantes. Qualquer pessoa que saiba locomover-se na água, andar de bicicleta e colocar uma perna à frente da outra consegue fazer um Triatlo na versão super-sprint. Não sei por acaso se existirá Triatlo adaptado, para pessoas com limitações motoras, a investigar.
Algo, e alguém que me passou frequentemente pela cabeça neste período do “talvez” foi o regresso às competições do meu amigo Filipe. Tinhamos combinado, no passado longíquo, participar ambos nesta prova. O Filipe está parado há uns meses largos devido a uma lesão parva. Há dois tipos de lesões, na minha opinião, as lesões por parvoíce, e as lesões parvas, e um dia destes falarei melhor acerca desse assunto mas, a lesão do Filipe foi das parvas. Depois de meses de recuperação, e ele de vários treinos de natação, fomos trocando impressões, até chegar mais perto do dia.
E mais perto do dia então, já mesmo em cima da hora, entre limitações logísticas e alguma desmotivação e medo, confesso, acabei por não me apresentar na linha de partida desta prova, falhando comigo e com o meu amigo, ajudando-o a atrasar o seu regresso às competições, e ficando a “dever-lhe” uma à conta disto, mesmo que ele diga que não, assim é.
No dia em si, então, optei por fazer algo diferente. Podia ter ido apoiar os participantes ou podia ter ficado no sofá a “lamber as feridas” e achar-me um coitadinho mas, não fiz nem uma coisa, nem outra. Calcei as sapatilhas e fiz o melhor que sei fazer, desportivamente falando, fui correr, no início da hora do calor. Isto da hora do calor não tem nada a haver com um qualquer sentimento sado-masoquista encoberto, tem sim a haver com preparar-me para algumas provas a que me proponho nesta temporada de veraneio e que embatem com a hora do pico do Sol.
Fui então “passear” sozinho, em modo urbando e um bocadinho todo-o-terreno. Atravessei a cidade inteira, passando por Monsanto. Fui contar o número de degraus das escadas do Bairro da Liberdade, para poder dizer ao Pedro Tomás Luiz quais tinham mais, o Caracol da Graça, ou essas (são as do Caracol da Graça, 235 contra 160). Atravessando Monsanto, fui até ao Don Giovanni onde ainda encontrei o Iosif, a Eugénia e outros companheiros de corrida, que tinham ido fazer um treino de 3 horas de trilhos em Monsanto. Cruzei-me com o Jorge Esteves e não encontrei o Antônio Nascimento, que sei que também andou por lá. No regresso, por um caminho diferente, fui sempre subindo e descendo o mais que podia, enquanto pensava como contaria esta história que partilho agora.
Na chegada a casa, com passagem antes na padaria, a família e uma dourada no carvão para almoçar, porque a vida não é só corrida ;)