Das associações e do associativismo

Percebo muito pouco de associações e associativismo. Nunca pertenci à direcção de nenhuma e dificilmente pertencerei. No entanto, já pratiquei várias actividades, entre elas o BTT, e já vi de perto o funcionamento de algumas, sempre como associado, relembro.

No “trail running nacional” temos uma associação, agora.

Houveram eleições há poucos meses e houve somente uma lista a concorrer. No entanto, há várias vozes discordantes das opções da lista vencedora, são muitas, e pelas mais variadas razões. Algumas têm razões em comum, outras nem por isso.

Emitem-se comunicados a concordar com decisões, e comunicados a discordar. Os meios de comunicação social falam de um milhão de euros envolvido no “naming” de um conjunto de provas em território nacional. Haverão com certeza outras conversas por trás, de lado e por todo o lado. Há muito diz que disse mas, para mim, o “trail running” não é diferente das outras actividades (desportivas ou não) que conheço, e o movimento associativo não é diferente dos outros que já vi e vivi. Aquilo que tantas vezes se fala e escreve, do “Espírito do Trail”, é uma falácia. O “Espírito do Trail” é um bicho de costas muito, muito largas e serve para tudo, quando corre bem é o maior, quando corre mal, “perdeu-se”.

Fazendo um pouco de futurologia, eis o que antevejo para esta modalidade, o “trail running nacional”…

As vozes discordantes, em vez de se “organizarem” e criarem uma lista concorrente para lutar por essa associação, tentando “unificar” o mercado e o desporto, irão criar a sua própria associação e os seus próprios circuitos de provas. Obviamente que isto não é uma ideia original, já existem outras associações com o seu circuito de provas, no entanto falta-lhes essa palavra mágica, “nacional”.

Isto irá acontecer porque todos querem ser reis no seu quintal, porque não aceitam decisões democráticas, não arriscam candidatar-se e perder, e não fazem concessões, pensando que poderão haver por aí mais marcas dispostas a investir um milhão de euros numa actividade em que “basta prender umas fitas numas árvores, cortar umas laranjas em gomos e arranjar uns garrafões de água para dar os participantes”, para se chamar “prova de trail running”.

O problema será quando a fonte secar e a água a acabar, os meios são limitados, os participantes são limitados e o mercado chegará à exaustão.

Como costumo advogar, tudo se resume a “liberdade de escolha”, e não conheço caso nenhum de ninguém que tenha sido obrigado alguma vez a participar numa prova desportiva, seja de que “campeonato” fôr, contra sua vontade, a não nas histórias dos “mitos” do tempo da Cortina de Ferro mas, isso já lá vai, não vai?

Publicado originalmente no Facebook.

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