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Trail Palácios, 2015

A convite da Roteiros Aventura participei nesta primeira edição do Trail Palácios, um percurso pedestre de 25 quilómetros que une os Palácios de Mafra e Sintra.

Tendo dormido muito pouco por causa da corrida em Bucelas na noite anterior, saí de casa ainda o Sol estava longe de aparecer. A chuva intensa que se fazia sentir, bem como o frio e o cansaço, todos me puxavam a não ir mas, o aliciante do percurso venceu.

Fiz-me à estrada, CRIL, A8 e A21 para Mafra. Sempre devagar, não mais de 100 km/h, ia com tempo, chovia muito e a segurança em primeiro lugar. Chegado à cidade de Mafra, encontrei um lugar de estacionamento mesmo em frente ao Palácio e à pastelaria mais concorrida naquela hora. Levantei o dorsal, fui tomar um café e fiquei pela zona, onde as caras conhecidas, e desconhecidas, foram aparecendo.

A prova, seriam vinte e cinco quilómetros para correr, em todo-o-terreno, entre Mafra e Sintra, com abastecimentos de cinco em cinco quilómetros, horas de corte em alguns dos abastecimentos, e de grandiosidade altimétrica, pelo menos segundo a cábula, somente uma descida e uma subida, na aldeia do Carvalhal.

Antes da prova, duas questões que me faziam “espécie”, fui falando com a organização, ora em privado ora em público acerca de uma delas e fui esclarecido. No entanto, julgo que para uma próxima edição, seria vantajoso para ambas as partes (participantes e organizadores) disponibilizar uma secção no website do tipo “perguntas mais frequentes, e respectivas respostas”, até para poupar à organização o trabalho repetitivo de responder à mesma pergunta a várias pessoas.

A primeira, o percurso. Era linear, saia de Mafra e ia até Sintra. O regresso seria feito de camioneta, e o transporte estava incluido no valor da inscrição. No entanto, pareceu-me que nem toda a gente levou roupa seca para o final, e houveram  alguns casos preocupantes de “frio” após a chegada, porque afinal de contas a viagem de regresso ainda demorava uns bons trinta minutos (ou mais) e, com a roupa completamente ensopada iria ser sem dúvida muito desconfortável. Não havia transporte de saco do início para o fim, nem bengaleiro disponível.

A outra questão que me fazia espécie era a “caminhada”. Decorria também em simultâneo uma caminhada, no mesmo percurso e com o mesmo tempo limite para ser realizada (cinco horas). Fazendo umas contas rápidas, teria de se manter uma cadência mínima de doze minutos por quilómetro para estar dentro do tempo limite de conclusão do percurso.

Ora, dentro da minha (pouca) experiência, sei que até em modo corrida é fácil cair para uma média tão lenta, tudo depende da dificuldade do percurso e da preparação de cada um. Será que a generalidade dos inscritos na caminhada sabia fazer esta conta e perceber a cadência que tinha de manter ao longo daqueles vinte e cinco quilómetros enlameados para não ser barrado e não poder concluir o percurso? Qual era afinal a diferença entre a corrida e a caminhada? Na prática, nenhuma, na teoria, parece-me, num grupo haver classificação e no outro não, e no grupo da caminhada não haver a conotação de “corrida” talvez.

Ora, eu, que fui em “modo corrida” mas devagar, para me poupar, fui tirando algumas fotografias quando não chovia torrencialmente, e fui ultrapassado por alguns caminhantes que corriam mais do que eu. Li depois algumas críticas  acerca de alguns caminhantes que foram barrados nos pontos de passagem por estarem fora do tempo regulamentar. Pois que isso já me aconteceu uma vez. Pessoalmente concordo que os barramentos devem ser para cumprir e ser cumpridos. No caso estavam previamente anunciados portanto, sem margem para dúvidas quanto a isso, para a próxima é andar mais depressa.

Dúvidas à parte, é dada a partida. Saimos de Mafra a correr e começa o sobe e desce que caracterizou o percurso, entrando então nos “trilhos”. Quem estava à espera de uma prova tipo Abutres (ou outra coisa parecida) saiu enganado, o terreno era bastante corrível, com bastante estradão e algum alcatrão, e o percurso pouco técnico, exceptuando as poças e a lama, sem grandes obstáculos para ultrapassar. Para mim, esteve óptimo, que não gosto muito de alpinismo.

A paisagem, quando visível, mostrava uma extensa zona rural, passando por algumas povoações, zonas com água e lama acima do nível do sapato, e sempre a chover. Quando não chovia, caiam aguaceiros e poucos foram os momentos em que não choveu mesmo nada. Os abastecimentos, mais do que suficientes, pelo menos quando eu passei por eles, com os voluntários a atenderem os pedidos necessários. Faltou um toldo ou uma tenda, em cada um deles, quer para os voluntários, quer para os participantes se poderem abrigar um pouco nas paragens. as marcações fora de série, e mesmo quando a chuva não deixava ver quase nada, nunca tive nenhuma dúvida acerca de qual o percurso a seguir.

Nos cruzamentos com estradas de alcatrão, guardas da GNR debaixo de chuva controlavam o trânsito e os participantes. Embora não tenha visto bombeiros nem outros meios de socorro pelo caminho, imagino que em caso de necessidade rapidamente chegassem a um desses pontos de cruzamento.

Na chegada, um prémio de finalizador original e único, e a camionete de transporte a Mafra a postos, tendo arrancado aquela onde eu segui com metade da sua capacidade máxima. Eu, levava na mochila uma t-shirt seca, um gorro, outro casaco e uma manta térmica. Assim que entrei na camionete mudei a parte de cima, não sendo necessária a manta térmica, felizmente.

De volta a Mafra mudei o resto da roupa e fui beber um café quente e comprar uma caixinha de seis Fradinhos para levar para casa, porque sair da linha de vez em quando, não faz mal a ninguém.

No geral gostei da prova e achei a organização suficiente e adequada, exceptuando talvez a falta de meios de socorro visíveis. Antes de ser convidado estive vai, não vai, para me inscrever, acabei por não o fazer porque infelizmente não consigo ir por conta própria a todas mas, ainda bem que fui convidado e ainda bem que participei, obrigado Roteiros Aventura, e até à próxima.

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